“Todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais do que outros”
George Orwell

Socorro-me da célebre frase de Orwell para ilustrar a “distribuição” desigual da felicidade em Portugal. Com efeito, embora a sua busca seja um desígnio individual, nem todos têm as mesmas condições para prosseguir na sua senda. O local onde se vive e trabalha, o sexo, a idade, a escolaridade e a classe social, embora não sejam determinantes na percepção da felicidade, são condicionantes que devem ser tidas em conta. Assim, parafraseando a frase de Orwell, direi que os portugueses são felizes, mas alguns são mais felizes do que outros. Senão vejamos.

A média da felicidade dos portugueses, numa escala de 0 a 10, em que 0 significa “extremamente infeliz” e 10 “extremamente feliz”, é 6,63 e a sua distribuição é a seguinte:

Felicidade em Portugal

felicidade1

Como se observa, apenas 11,2% se consideram infelizes, contra os 73,5% que se dizem felizes. No meio há 15,4% que não se consideram felizes nem infelizes.

Tendo como referência a média e o desvio em relação à média da felicidade2, podemos concluir que os portugueses mais felizes vivem na região norte (6,9) e os menos felizes, no Algarve (5,7). O Centro (6,6), Lisboa e Vale do Tejo (6,5) e o Alentejo (6,5), apresentam valores médios em torno da média total (6,63). É em Lisboa e Vale do Tejo que se observa a maior desigualdade da distribuição e no Centro a menor.

felicidade2

Pode parecer estranho que os algarvios se considerem menos felizes, mas não é, pois temos que levar em conta que nas perguntas de auto-classificação, como é o caso, presentes nos inquéritos por questionário, os inquiridos procedem a uma comparação social com os outros que lhe estão próximos, para responderem. No caso do Algarve, as respostas sofrem, certamente, da comparação dos inquiridos com os turistas “mais ricos” da Europa.

Os resultados por sexo, idade, escolaridade e classe social, permitem-nos concluir que, em termos de felicidade alguns portugueses são mais felizes do que outros. Os mais felizes, com níveis de felicidade superiores à média total são: homens (6,8)3, mais novos (7,35), mais escolarizados (7,15) e Profissionais técnicos e de enquadramento (7,04).

felicidade3

No regresso das férias, pensem nisto e sejam felizes, busquem a vossa felicidade.

Publicada em 04-07-2015 | Diário as beiras – Opinião, pág 16

http://www.asbeiras.pt/Edicao_Diaria/diario.php?Link=f64e19ec1ef4f55c122d58b39a36629c%2624567%26CLT0%26TMP1000090 9%2620150904