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Dia Internacional do Idoso

Out 1, 2025
Dia Internacional do Idoso

Chega o Dia Internacional do Idoso e, inevitavelmente, voltamos a olhar para aqueles que, tantas vezes, são esquecidos na azáfama do quotidiano: os nossos pais, os nossos avós, os nossos mestres de vida.

Trabalhar com pessoas idosas há tantos anos ensinou-me algo fundamental o envelhecimento é, acima de tudo, uma história de relações humanas. São os olhares, as mãos que tremem, as memórias partilhadas e a necessidade de ser ouvido que dão sentido a cada dia. E, ainda assim, continuamos a viver numa sociedade que fala muito sobre os idosos, mas que, tantas vezes, os ouve pouco.

Portugal é um dos países mais envelhecidos da Europa. Este facto, por si só, deveria ser suficiente para colocar o envelhecimento no centro das políticas públicas e, em especial, das políticas locais. As autarquias têm um papel decisivo na forma como cuidamos, acolhemos e incluímos as pessoas idosas. São os municípios que podem transformar realidades, criar respostas inovadoras e dar voz a quem vive, tantas vezes, em silêncio.

Mas para isso é preciso mais do que boas intenções. É preciso visão, compromisso e coragem política.
É preciso compreender que envelhecer com dignidade não se resume a garantir um lar ou uma cama hospitalar. É sobre promover autonomia, criar redes de proximidade, valorizar os cuidadores e respeitar o tempo de cada pessoa. É sobre dar oportunidades para continuar a participar, a decidir, a pertencer.

Hoje, quando atravessamos um novo ciclo de eleições autárquicas, acredito que é o momento certo para exigir um compromisso sério com o envelhecimento digno e ativo. Precisamos de autarquias que olhem para o idoso não como um custo, mas como um investimento. Que apostem em políticas intergeracionais, em serviços de proximidade, em habitação adaptada, em mobilidade acessível e em espaços de convivência onde a solidão deixe de ser regra e passe a ser exceção.

Trabalhar com idosos ensinou-me que cada rugas conta uma história, que cada silêncio traz uma lição e que cada sorriso conquistado vale mais do que qualquer estatística.
O Dia Internacional do Idoso não deve ser apenas um marco no calendário. Deve ser um apelo à consciência coletiva, uma oportunidade para pensarmos se estamos a construir a sociedade onde queremos envelhecer.

E não posso deixar de pensar na minha querida avó Teresa mulher de força e ternura, que me ensinou o valor da paciência, da simplicidade e do amor genuíno. É nela, e em tantos outros como ela, que encontro o verdadeiro significado da palavra dignidade. Pessoas que viveram com pouco, deram muito e, mesmo no silêncio, deixaram uma herança de humanidade que nenhuma geração deveria esquecer.O Dia Internacional do Idoso não deve ser apenas um marco no calendário. Deve ser um apelo à consciência coletiva, uma oportunidade para pensarmos se estamos a construir a sociedade onde queremos envelhecer.Porque, mais cedo ou mais tarde, todos seremos o “idoso” de alguém.

E o modo como cuidamos hoje dos nossos idosos é, inevitavelmente, o espelho do futuro que nos espera.

João Pedro Sá

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Declaração da AAGI

Set 30, 2025

A Associação Amigos da Grande Idade declara a reativação total da sua atividade a 1 de Outubro de 2025, após 2 anos de paragem, motivada por dificuldades em garantir a sua sustentabilidade financeira pós COVID mantendo a sua independência e liberdade em relação a qualquer apoio externo.
Continuando com a forte convicção de que é possível ter um envelhecimento mais digno e respeitado, dirigirá sua maior atenção para o envelhecimento institucionalizado, o envelhecimento esquecido e escondido por trás de muro raramente abertos às pessoas e no interior dos quais se dão os acontecimentos mais violentos e mais graves contra pessoas idosas fragilizadas. O envelhecimento de quem ninguém quer falar porque é desconfortável dada a responsabilidade de todos os cidadãos sobre as práticas e o modelo atual.
Mas pretende-se também continuar a desenvolver a paixão que temos pela reflexão, procura de conhecimento e formação, reativando as nossas proposta de cursos, workshops, eventos diversos e a Pós-Graduação, que mudou a face da formação em Portugal e motivou mais de uma dezena de entidades a reproduzirem esse modelo.
Daremos seguimento decerto a incomodar o poder junto das principais entidades nacionais e do conjunto dos Partidos Políticos que, no nosso País, determinam a nossa vida.
Vamos reativar a nossa atividade com toda a energia, com uma profunda remodelação dos nossos quadros de recursos humanos, alargando-os sem reservas, preconceitos ou invejas tão próprias da nossa sociedade. Todos somos bons e importantes para mudar uma área cuja nossa vida vai atravessar.
Estamos vivos: mais velhos, mas vivos.

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Roubo a idosos

Set 30, 2025
Roubo a idosos

É urgente e inadiável a revisão das penas de prisão aplicadas a crimes cometidos contra idosos vulneráveis. Casos como este que veio agora a público, em que indivíduos se fazem passar por profissionais de saúde para enganar, explorar e roubar idosos, representam um nível de crueldade que não pode ser tolerado numa sociedade civilizada.
Estes crimes não são meros furtos são agressões profundas à integridade, confiança e segurança de pessoas muitas vezes indefesas que depositam total confiança em quem acreditam estar ali para cuidar delas, não posso deixar de expressar a minha profunda indignação perante situações como esta, em que indivíduos se fazem passar por profissionais de saúde ou assistentes sociais para explorar e lesar os nossos cidadãos mais vulneráveis. A confiança depositada nos profissionais de saúde e sociais é um pilar essencial do sistema, construído ao longo de décadas com base na ética, no cuidado e no respeito. Utilizar esse símbolo a bata branca para cometer crimes é uma perversão inaceitável do que essa indumentária representa.
Defendo o agravamento significativo das penas nestes casos, com a possibilidade de a pena máxima passar para 50 anos, especialmente quando existe dolo, premeditação e abuso de confiança sobre populações frágeis. A justiça deve ser não apenas punitiva, mas também pedagógica, deixando uma mensagem clara: quem atenta contra os mais vulneráveis enfrentará consequências severas e proporcionais à gravidade do ato cometido
É tempo de agir com firmeza, protegendo quem mais precisa e garantindo que os símbolos da saúde e do cuidado jamais sejam usados como ferramentas de manipulação e crime.

João Pedro Sá

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Delegação AAGI em Sesimbra

Set 30, 2025

A Associação iniciou em final de 2022 um trabalho de consultoria à Residência Sénior Egas Moniz, situada na Maça-Sampaio, concelho de Sesimbra.

Este trabalho é consequência de uma parceria com a E.M. Estruturas Sociais unip. Lda, que é a detentora da Residência e pertence à Universidade Egas Moniz School Health Science.

A parceria inclui a possibilidade de utilização da Residência como local de estágio e formação, bem como o desenvolvimento de trabalhos científicos e projetos diversos na área do envelhecimento e longevidade.

Desta forma decidimos abrir em Sesimbra uma delegação constituída por uma equipa de trabalho que forma a organização administrativa da delegação.

Temos muita expectativa no trabalho que se poderá desenvolver nesta delegação, existindo já alguns projetos em marcha utilizando a parceria existente entre as entidades.

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Os jovens e o debate do envelhecimento

Mai 20, 2025
Os jovens e o debate do envelhecimento

Falar sobre envelhecimento enquanto se é jovem pode parecer, à primeira vista, deslocado ou até mesmo desnecessário.

Afinal, o envelhecimento costuma ser associado à última etapa da vida, a uma fase que julgamos distante, que acontece “aos outros”. Mas, essa perceção é, em si, parte do problema.

Os jovens devem falar sobre envelhecimento. Porque o envelhecimento é uma experiência humana universal, mas profundamente desigual. A forma como cada pessoa envelhece está condicionada por variáveis sociais, económicas, culturais e políticas que se acumulam ao longo da vida. Assim, discutir o envelhecimento desde cedo é, na verdade, refletir sobre o tipo de vida que estamos a construir — individual e coletivamente.

A juventude é muitas vezes associada à liberdade e ao futuro. Mas é também um tempo de decisão e de ação. A juventude não é eterna, mas a responsabilidade social pode e deve ser cultivada desde logo. A indiferença atual perante os problemas das pessoas idosas — como a solidão, a pobreza, a exclusão digital, os abusos, a falta de direitos— prepara o terreno para que esses mesmos problemas nos atinjam mais tarde, caso nada mude. Por isso, o silêncio da juventude perante as questões do envelhecimento não é neutro: é um adiamento da mudança.

Além disto, as políticas públicas que hoje são debatidas e implementadas nas áreas da saúde, do trabalho, da habitação, dos transportes ou da segurança social, têm impacto direto na forma como as gerações futuras irão envelhecer.

Toda a luta política e social pela valorização dos jovens é, sem dúvida, essencial. É bom que os jovens tenham acesso gratuito ou mais barato aos transportes públicos, que beneficiem de descontos em diversos serviços, que existam incentivos à sua autonomia, isenções na compra da primeira casa, etc. São conquistas importantes num país que precisa de apoiar as novas gerações.

Mas é profundamente preocupante quando esses direitos parecem estar reservados apenas à juventude. Quando a sociedade se organiza como se os direitos tivessem prazo de validade. Como se, ao envelhecer, uma pessoa deixasse de merecer acesso, dignidade, oportunidades.

É aí que falta uma pergunta crucial: e depois?
Ainda bem que hoje tenho estes direitos, mas quando envelhecer, terei os mesmos? Terei algum direito?
Terão sido pensadas políticas públicas que me garantam qualidade de vida também nessa fase depois destes anos todos?

É importante que os jovens celebrem as suas conquistas, mas é igualmente urgente que se olhe para o futuro com espírito crítico. Uma sociedade verdadeiramente justa é aquela que protege todas as idades — e não apenas quem ainda é “útil” ao mercado. Porque o que está em causa não é a juventude ou a velhice: é a dignidade humana.

Se os jovens se abstêm de participar neste debate, perdem a oportunidade de moldar o seu próprio futuro. Participar desde já na construção de políticas públicas inclusivas e sustentáveis é garantir que o envelhecimento será um direito e não um risco social como nos dias de hoje.

A culpa não é dos jovens, nem pouco nem mais ou menos. A culpa está acima dos jovens. Mas, já o meu pai dizia: “Queres as coisas bem feitas, fá-las tu”.

É urgente que os jovens se envolvam neste tema. Falar sobre envelhecimento é, no fundo, falar sobre o que valorizamos enquanto sociedade e sobre o que queremos preservar para o futuro. Que tipo de comunidade queremos construir? Que tipo de apoio queremos garantir quando nós próprios tivermos 60, 70 ou 80 anos? Que imagem do nosso próprio envelhecimento temos?

Envelhecer em dignidade começa agora, com escolhas, com escuta, com diálogo. É hora de perguntar: queremos envelhecer em quê? Num mundo que se esquece de nós ou numa sociedade que cuida de todos, desde o início ao fim? A juventude tem força, tem voz e tem a oportunidade de não repetir os erros do passado. Que a use para construir um envelhecimento com direitos, com humanidade e com esperança. Hoje.

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Envelhecimento: Um Desafio Estrutural

Mai 19, 2025
Envelhecimento: Um Desafio Estrutural que Exige Respostas Qualificadas e Sustentadas

Portugal é hoje um dos países mais envelhecidos da Europa e do mundo. O aumento da esperança média de vida, conjugado com a persistente baixa taxa de natalidade, configura um profundo reordenamento demográfico que exige respostas estruturadas e sustentadas. O envelhecimento populacional não é, em si mesmo, um problema, é antes uma das grandes conquistas civilizacionais. O verdadeiro problema reside, em nosso entender, na ausência de políticas públicas à altura dos desafios que essa nova realidade impõe.

Entre esses desafios destacam-se: o aumento das situações de dependência funcional e de solidão, o risco de exclusão social e institucionalização, o subfinanciamento das respostas sociais e de saúde, a fragilidade da condição dos cuidadores informais, a escassez de profissionais especializados e a persistência de visões estigmatizantes sobre o envelhecimento. Este panorama reclama medidas intersectoriais e integradas que promovam a autonomia, a participação e os direitos das pessoas ao longo do curso da vida.

Neste contexto, é imperioso qualificar todos os que intervêm nesta área. Não basta querer, é preciso saber. O cuidado ético e competente exige mais do que boa vontade ou experiência empírica. Exige conhecimento técnico, sensibilidade relacional e formação especializada, tanto na fase inicial como ao longo do exercício profissional. Cuidadores informais, auxiliares, técnicos e demais agentes devem ter acesso a formação contínua, supervisionada, centrada na pessoa e fundamentada nos princípios dos direitos humanos e da justiça social. A supervisão profissional, enquanto espaço privilegiado de análise crítica, suporte técnico e desenvolvimento ético, é igualmente essencial para assegurar práticas reflexivas, proteger quem cuida e promover respostas de qualidade.

A ausência de formação e de supervisão ou a sua desvalorização fragiliza a intervenção, expondo tanto cuidadores como pessoas cuidadas a riscos éticos e relacionais com custos humanos muito elevados.

Investir na capacitação de quem cuida é, afinal, investir na construção de uma sociedade mais justa, solidária e preparada para o futuro. É reconhecer que o cuidado não é um ato espontâneo, mas uma prática complexa, que exige competência, responsabilidade e suporte institucional. Porque envelhecer não é um problema — é uma conquista coletiva. O verdadeiro desafio está em saber cuidar dessa conquista com competência e compromisso, assegurando que cada pessoa possa envelhecer com dignidade, sentido e pertença.

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Natal em Instituições para Idosos

Mai 13, 2025
Natal em Instituições para Idosos: Um Momento de Inclusão e Bem-estar

O Natal é uma época de celebração, reencontros e criação de memórias, mas também pode representar desafios únicos para instituições que acolhem idosos, particularmente quando há residentes com Alzheimer ou outras condições que exigem atenção especial. Para as equipas e Direção, o objetivo é claro: proporcionar um ambiente onde todos, residentes, famílias e colaboradores, sintam o espírito natalício de forma segura, harmoniosa e acolhedora.

Dicas para um Natal Inclusivo nas Instituições

Criar um ambiente familiar e acolhedor

Manter elementos que evoquem memórias e conforto é fundamental para os idosos, especialmente para aqueles com Alzheimer. Algumas estratégias incluem:

– Decorar os espaços de forma simples, com enfeites tradicionais que estimulem boas recordações, evitando luzes intermitentes ou música muito alta.

– Incluir elementos nostálgicos, como fotografias antigas, árvores de Natal decoradas com os próprios residentes ou objetos significativos para eles.

– Assegurar que os espaços comuns estão bem organizados e acessíveis, sem alterações bruscas na disposição.

Envolver os residentes nos preparativos

A participação ativa em atividades relacionadas com o Natal contribui para o bem-estar emocional dos residentes e fortalece o sentimento de pertença:

– Organizar sessões de decoração de árvores ou criação de postais de Natal para os familiares.

– Incentivar pequenos grupos a partilhar memórias e histórias relacionadas com as festividades, promovendo momentos de convívio.

Adaptar atividades e horários às necessidades individuais

Respeitar os ritmos de cada residente é essencial para evitar a sobrecarga emocional ou física:

– Realizar atividades leves, como a audição de canções natalícias ou a visualização de filmes clássicos.

– Incluir momentos de pausa entre as atividades mais dinâmicas, permitindo que os residentes descansem.

– Criar um ambiente tranquilo para os residentes que prefiram um Natal mais introspectivo, com espaços reservados para repouso.

Sensibilizar equipas e visitantes

O envolvimento das famílias e a interação com as equipas são cruciais para o sucesso da época natalícia:

– Preparar as equipas para lidarem com situações específicas, como mudanças de humor ou ansiedade dos residentes, com empatia e paciência.

– Informar os familiares sobre a importância de interações simples e positivas com os residentes, explicando como podem contribuir para a harmonia do ambiente.

– Organizar visitas familiares em horários ajustados para garantir uma experiência calma e significativa.

Oferecer presentes com propósito

Os presentes para os residentes devem ser pensados de forma a promover conforto, estimulação sensorial e memórias:

– Álbuns de fotografias personalizados.

– Puzzles ou jogos simples adaptados às capacidades dos residentes.

– Cobertores macios, almofadas relaxantes ou objetos táteis.

– Pequenos kits de higiene ou beleza que reforcem o cuidado pessoal.

As festividades natalícias oferecem uma oportunidade única para as instituições demonstrarem o seu compromisso com o bem-estar e a qualidade de vida dos residentes. Ao proporcionar um ambiente inclusivo, caloroso e seguro, fortalecem-se os laços entre residentes, equipas e famílias, valorizando a instituição como um espaço de cuidado humanizado. Através da personalização das celebrações e do envolvimento ativo de todos os intervenientes, é possível transformar o Natal num momento inesquecível, onde a empatia, a alegria e o amor ocupam o lugar central. Afinal, mais do que uma época de grandes gestos, o Natal é feito de pequenos instantes de felicidade genuína.

Desejo a todas as instituições, colaboradores, residentes e famílias um Natal repleto de serenidade e partilha!

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