Comunicado numero 15

A associação amigos da grande idade alerta para a situação actual da pandemia, semelhante à que passámos há meses atrás com infeção e morte de milhares de pessoas idosas.

Pode-se entender esta afirmação como especulativa, mas é esse o direito que temos quando a entidade reguladora do setor dos lares de idosos parece ter lavado as mãos do problema após a vacinação, deixando toda a responsabilidade entregue a uma direção geral da saúde que, desde o inicio da pandemia, demonstrou completo desconhecimento da institucionalização de pessoas idosas em Portugal.

O que leva a Associação a preocupar-se é simples de explicar e entender:

1. Como estão a ser monotorizados, acompanhados e vigiados os lares de idosos ilegais identificados pelas autoridades?
2. O que justifica a existência de novos surtos em lares de idosos?
3. Que apoios foram dados aos lares de idosos para reciclarem os seus colaboradores em termos de formação de modo a alterarem os seus comportamentos e desempenho?
4. Que estratégia existe para impedir novos surtos e novas situações dramáticas?

No fundo, a sonegação de informação impede o desenvolvimento de intervenções ajustadas por parte dos técnicos. Estes encontram-se completamente dependentes das informações que vão sendo dadas pela comunicação social e das inoportunas intervenções de meia dúzia de “achistas” que diariamente falam do que não sabem.

Tivemos recentemente um levantamento de restrições e contenções causado pela vacinação que, aparentemente, tranquilizou os lares de idosos que passaram alguns meses fora das notícias. Estas situação não foi devidamente acompanhada pelas autoridades que permitiram que cada um dos responsáveis de lares tomassem decisões conforme o seu entendimento da situação.

Depois, surgiu uma norma da DGS permitindo a saída de residentes dos lares sem necessidade de período de isolamento no regresso.

Finamente terminaram os testes periódicos aos trabalhadores de lares.

Tudo isto tornou-se uma mensagem clara de alivio total.

Agora aparecem 53 surtos em lares, mas ninguém explica as causas, permitindo a especulação e fazendo reinar a desorientação.

Porque razão há novos surtos?

Será da qualidade técnica das lideranças? Mau desempenho dos trabalhadores? Incumprimento de normas? Ou, por outro lado, ineficácia da vacina após determinado período? Há ou não necessidade de revacinar?

Nestas circunstâncias seria ajuizado centrar todas as preocupações nos lares de idosos porque, mesmo com sonegação de informação, por parte das autoridades, foram os lares os mais violentados com a pandemia e quer queiram, quer não, é certo que foram as pessoas idosas que mais faleceram ou arrastaram as consequências da infeção por mais tempo com elevados custos para o SNS.

Não seria acertado que as autoridades tivessem acompanhado os lares de idosos de maneira diferente?

A AAGI preocupa-se profundamente com a situação atual, desde que as autoridades responsáveis deram todos os sinais que tudo tinha já passado, terminando com todos os procedimentos de prevenção que tinham sido implementados.

Como no início da pandemia, estamos atrasados na intervenção nos lares de idosos e a entidade reguladora tem demonstrado algum desprezo pela situação dos lares.

Tambem no início a reação só aconteceu passado 2 meses.

Exigimos que a entidade reguladora dê mais importância aos lares e que a DGS seja mais cautelosa nas decisões e afirmações que faz. Exigimos, também, que a informação seja pública, pedagógica e eficaz e não fique restrita aos gabinetes ministeriais e às reuniões com as grandes corporações.

Não escondam a informação pois, sem ela não podemos trabalhar no terreno e impedir a morte de mais pessoas idosas.

Direcao AAGI