PARA QUANDO A ALTERAÇÃO DA PROIBIÇÃO ?

A Associação Amigos da Grande Idade (www.associacaoamigosdagrandeidade,com) mantem grandes preocupações com a situação dos lares de idosos em Portugal, não podendo deixar de observar que as posições que foram sendo tomadas desde o início deste problema têm sido comprovadas no terreno e felizmente adoptadas pelos organismos e entidades nacionais.

Assumimos de imediato que esta pandemia ia penalizar especialmente as pessoas idosas e muito especificamente as institucionalizadas. Falámos em números de letalidade que felizmente não estão a ser provados mas continuamos a julgar que se não forem tomadas ainda algumas medidas podemos vir a chegar a esses números, que nos indicam letalidade de 50% das pessoas idosas institucionalizadas. Propusemos que fossem encontrados locais para transferência de pessoas idosas imediatamente, após sintomas de COVID, numa primeira fase, e na segunda fase transferência de pessoas que não estivessem infectadas mantendo as pessoas infectadas nos locais onde estavam que já eram locais infectados. Alguns casos pontuais tomaram essa feliz decisão, noutros ainda andamos a deslocar pessoas infectadas deixando para trás outras pessoas nos locais onde as primeiras infectaram. Está errado e vamos pagar as consequências desse erro.

Batemo-nos pela intervenção de técnicos e autoridades exteriores nos lares onde existisse infecção e, em muitos casos, isso foi feito. Alertámos para as dificuldades dos lares, a sua incapacidade em cumprir normas feitas em cima do joelho e a impossibilidade de constituir equipas em espelho e de, de um momento para o outro, tratarmos os lares como unidades de saúde. Continuamos ainda a lutar pela realização de teste em todos os lares e muito especialmente nos que não apresentam pessoas com sintomas, prevenindo a entrada do vírus que só pode chegar do exterior, sendo pois necessário testar todos os trabalhadores dos lares com a máxima urgência. Insiste-se em testar quando há sintomas que é o mesmo que testar o que está aparentemente testado.

Mas hoje a Associação já tem outras preocupações que devem levar a um debate aberto nacional sem constrangimentos e sem receios do politicamente incorrecto. Trata-se da proibição das visitas aos lares e da manutenção desta regra de forma dura e inflexível.

Ora quem trabalha em lares de idosos já sente hoje as tremendas dificuldades que esta situação promove. A angústia, o sofrimento, a ansiedade e a falta de entendimento desta proibição é violenta para os residentes dos nossos lares. Muito violenta. E começam a surgir sinais de algum descontrolo de situações em consequência deste estado que foi necessario e correctamente criado.

Contudo, não querendo defender a liberalização total das visitas dos familiares aos residentes de lares e entendendo a necessidade de continuarem a existir contenções, não podemos aceitar que ninguém pense em atenuar este problema. Todos nós, que trabalhamos em lares temos essa obrigação. Como vamos resolver esta situação atendendo a que as mais optimistas noticias que temos é o Exmo. Senhor Presidente da Republica a “atirar” para o verão de 2021 a possibilidade de um regresso à normalidade. Vamos ter contenção de visitas em lares até ao verão de 2021? Ou até mesmo ao verão de 2020? Proibição total de visitas?

A Associação Amigos da Grande Idade vai promover um debate sobre este problema, chamando a si as opiniões de centenas de colaboradores, de ex-formandos e actuais alunos da Pós Graduação e abrindo o debate a toda a população em geral, apelando a que todos possam contribuir para soluções que temos a obrigação em encontrar em defesa das pessoas idosas institucionalizadas cuja vida muito depende de decisões a tomar.

Queremos assumir com naturalidade que não podemos continuar a justificar aos nossos residentes, diariamente que não podem ver os filhos e os netos porque há uma grande infecção no País. Estamos a falar de pessoas entre os 80 e 100 anos, muitas delas com as suas capacidades cognitivas deterioradas que não nos entendem. Podemos dizer que as chamadas de vídeo e a criatividade em encontrar formas de contacto à distância que temos conseguido são o bastante. Mas não são. Há residentes que já não querem falar ao telefone e não entendem porque o filho não aparece. Há residentes que nem se revêem e nem revêem ninguém nessas chamadas de video.

Em tom, de choque para libertar opiniões e consciências parafraseamos um conhecido provérbio português: ANTES A MORTE QUE TAL SORTE.

As opiniões devem ser enviadas para associacaoamigosdagrandeidade@gmail.com ou através da página https://www.facebook.com/aagi.portugal/ no facebook.

Ficamos a aguardar com esperança o envio de opinião e propostas de solução.