A Associação Amigos da Grande Idade interrompeu toda a sua actividade no dia 6 de Março para se dedicar em exclusivo à pandemia COVID 19. Contudo a 12 de Fevereiro deste ano fomos alertados por um dos nossos colaboradores e principal referencia cientifica na área do envelhecimento para a aproximação de um problema de saúde que iria reflectir-se gravemente nas pessoas idosas mais incapacitadas, dependentes e doentes, especialmente nas pessoas idosas institucionalizadas. Tratava-se de uma infecção por vírus, detectada num lar de idosos nos Estados Unidos da América que, em menos de 48 horas matou 30 dos 60 residentes desse Lar.

A partir dessa altura ficámos mais alertados e, em vários encontros, reflectimos sobre as conseq2uencia de tal situação vir a ocorrer no nosso País com o panorama dos lares de idosos que é conhecido.

Rapidamente atingimos o pico da preocupação e há duas semanas defendíamos a constituição de uma coordenação nacional para os lares de idosos que pudesse centralizar informação, determinar procedimentos e, muito especificamente para os lares, promover uma acção concertada que alterasse práticas, comportamentos, atitudes e modelos de intervenção junto dos residentes dos lares.
Hoje reconhecemos que poderíamos estar a antecipar, sem razão, uma catástrofe nacional, E, por momentos, algumas vezes, ainda temos a ideia de que estamos a fazêlo, dramatizando e especulando. Mas não. Infelizmente não é isso que acontece e o que vamos dizendo poderá estar adiantado no tempo mas vai, de certeza, acontecer.

Quando o nosso Presidente afirmou que não iriam sobre viver cerca de 40% das pessoas idosas em lares foi duramente criticado por alguns sectores que, a copiarem a letra de uma canção recente de um cantor português, preferiram e preferem assobiar para o lado. Nessa altura, a área científica da Associação chamou a atenção que aquela afirmação era conservadora. Os números indicam cerca de 50%.
No dia de hoje, 23-3-2020, ainda é difícil de acreditarmos naqueles números, E nós desejaríamos estar completamente errados e sermos acusados de catastrofistas. O problema é que pode acontecer rapidamente.

E começam a surgir sinais muito preocupantes. Nos últimos três dias os lares saltaram para as primeiras páginas: pessoas infectadas em lares, primeiro os profissionais, criando situações de ruptura em poucas horas e agora as pessoas idosas. E estamos em crer que as inúmeras ”normais” mortes dos últimos dias em lares de idosos têm uma única razão: COVID 19. Acontece que a causa de morte das certidões de óbito não o referem porque isso exige testes e comprovação que não são feitos. É certo que nesta altura do ano, os falecimentos na população idosa aumentam mas sem sabermos na realidade os números não podemos, para já, fazer mais análises.

De qualquer forma o que nos começa a preocupar é o futuro imediato. O final desta semana e as próximas duas semanas.

Conhecemos profundamente a realidade dos lares de idosos e não estamos nada optimistas sobre a situação.

Propomos de imediato:

1. Agilização e divulgação da anunciada comissão de acompanhamento aos lares de idosos;
2. Procura de soluções rápidas e pragmáticas para o isolamento de pessoas idosas em lares (utilização de tendas de campanha nas proximidade ou mesmo junto aos lares);
3. Divulgação de procedimentos perante o falecimento de pessoas idosas em lares;
4. Criação de bolsa nacional de voluntários centralizados na comissão de acompanhamento aos lares para intervenção rápida e pontual;
5. Intervenção de meios militares para desinfestação e vigilância de lares;
6. Intervenção urgente por autoridade local nos lares ilegais.