A Direção da Associação Amigos da Grande Idade deixa a todos como habitual nesta época uma reflexão profunda sobre o desenvolvimento em Portugal, do conceito do envelhecimento.

A primeira interrogação para a qual gostaríamos de ter outra resposta é a seguinte: Ao logo do ano de 2013, contribuímos para a mudança do paradigma de um envelhecimento junto das principais entidades nacionais de liderança e do grande poder da comunicação social que insistem na passagem de uma imagem caritativa e assistencialista, muito ligada à desgraça, à incapacidade, à doença e ao abandono?

  • Para começarmos esta reflexão, fomos observar a última mensagem de natal que tínhamos enviado e acerca de um ano atrás, baseada nos principais acontecimentos de então. Em grande destaque, nesta época natalícia (2012), tínhamos o fecho de lares ilegais, ontem surpreendentemente um dos canais televisivos, noticiou com grande pompa e circunstância o número do fecho de lares ilegais em Portugal. Caímos outra vez numa toada miserável, onde só se dá destaque aos aspetos socialmente negativos da nossa sociedade, face ao envelhecimento. Se observarmos todas as abordagens sobre envelhecimento são feitas numa perspetiva negativa, discutem-se os crimes, o abandono e pouco mais. Não temos uma vertente de desenvolvimento, a mediatização dos assuntos é feita pelo lado negativo e não por questões educativas e de desenvolvimento da sociedade e dos bons exemplos face ao nosso envelhecimento. Conseguimos antecipar que talvez no início do ano de 2014, voltaremos a ter como principais acontecimentos da morte de idosos abandonados, como se este tipo de notícias viesse contribuir para uma alteração de modelos de intervenção. Trata-se, isso sim, da criação e casos que centralizam todas as preocupações em situações conjunturais, desviando a atenção para a necessidade de alterações estruturais nesta área. Fica este ano como no anterior o reparo!

 

A segunda interrogação tem a ver com as políticas sociais e de saúde: Estamos no bom caminho?

  • Como é público a associação Amigos da Grande Idade, defende desde há cerca de 5 anos uma estruturação e um pacto de regime para o envelhecimento em Portugal entre as diversas forças políticas. Não obstante o número de documentos e reuniões que temos vindo a realizar, observamos de todas as forças políticas, um crescente desejo do desenvolvimento de políticas estruturadas para as próximas décadas, que alterem os cuidados aos idosos e a perceção que a sociedade tem face ao envelhecimento. Estamos a influenciar, a sistematizar posições e fazemos votos que no ano 2014, consigamos organizar a primeira conferência de líderes políticos do envelhecimento em Portugal.
  • Nesta reflexão decidimos eleger o Ministério da Saúde, como a organização pública em Portugal, com maior abertura politica para refletir e melhorar os cuidados aos idosos em Portugal. Fica o nosso reconhecimento público!

 

A terceira questão está enraizada no seguinte: O que propomos para o futuro do envelhecimento em Portugal? Propomos 5 medidas, urgentes:

  • MEDIDA 1: Constituição de Grupo de Trabalho/Unidade de Missão nomeado pelos Ministérios da Saúde e do Trabalho e Solidariedade Social para avaliar os graus de dependência e necessidades das pessoas idosas em Portugal.
  • MEDIDA 2: Criação da Rede Nacional de Cuidados e Serviços para as Pessoas Idosas.
  • MEDIDA 3: Aprovação de legislação, com reformulação da atual, sobre o funcionamento de ofertas para as pessoas idosas, baseada em critérios de qualidade com base nos manuais editados pela Segurança Social e adaptada às reais necessidades do sector, promovendo mais e melhores ofertas através de incentivos claros e eficazes.
  • MEDIDA 4: Alteração do modelo de comparticipação de cuidados e serviços às pessoas idosas com atribuição direta às famílias e favorecendo a comparticipação a cuidados domiciliários em relação aos cuidados institucionalizados em lares.
  • MEDIDA 5: Introdução de novos modelos de financiamento, devidamente legislados, que incluam hipotecas inversas, seguros de dependência/vitalícios, fundos financeiros, etc., em paralelo com legislação adequada sobre representação jurídica das pessoas idosas.

Como quarta e última questão desta mensagem perguntamos: A Associação Amigos da Grande Idade o que fez ao longo de 2013?

  • Continuamos o nosso caminho ao nível científico, apoiamos o desenvolvimento de vários estudos, que passaram pelo apoio em estudos de investigação académicos (Doutoramento e mestrado). Envolvemos vários docentes de vários pontos do país na reflexão das medidas do envelhecimento de futuro e com futuro para Portugal ao nível de diversos conceitos: como a questões jurídicas; a investigação científica; a funcionalidade; a felicidade. Os diversos especialista envolvidos foram oriundos dos vários ramos do saber, a gerontologia, a medicina a psicologia o serviço social, a enfermagem, entre outros ramos de conhecimento. Destacamos também o apoio á publicação científica de um livro sobre questões técnicas e ainda o desenvolvimento e reconhecimento nacional e internacional da Revista Cientifica que editamos on-line.
  • Ao nível político, reunimos mais de uma vez este ano, com todos os partidos e forças políticas com assento na Assembleia da República, com representantes políticos dos ministérios da saúde e da segurança social. Contamos já com diversos documentos publicados, de onde destacamos: as 5 medidas de futuro e com futuro para o envelhecimento em Portugal; as três medidas para o desenvolvimento autárquico; e o plano nacional de legalização para lares de idosos.
  • Ao nível da formação, conseguimos neste ano de 2013 e ao fim de 5 anos, ultrapassar os 1000 formandos nas várias ações que temos vindo a desenvolver, com especial destaque para o Curso de Gestão Organizacional de Lares e Casas de Repouso. Negociamos e assinamos protocolos com diversas organizações do Ensino Superior (publicas e privadas), com o intuito de desenvolver uma pós graduação na área da gestão de organizações destinadas às pessoas idosas.
  • Ao nível da organização de eventos relacionados com o envelhecimento, realizamos várias ações, um encontro internacional na área dos cuidados de enfermagem, encontros nacionais ao nível do serviço social, das políticas para o envelhecimento, das autarquias, dos cuidados continuados, entre outros. No entanto elegemos o Congresso Nacional da Grande Idade, como o evento com maior inato Nacional. Contou com mais de 600 pessoas, mais de 70 oradores e 50 pessoas na organização. Estiveram representadas as principais organizações do país, ao nível social, científico e político, e observamos a mediatização ao nível da comunicação social com noticias em todos os principais órgãos de comunicação social de Portugal.

Por fim gostaríamos de deixar nossa prenda: Artista: Caravaggio; Ano: 160; Localização: Santa Maria del Popolo, Romaum.

“Caravaggio é o mestre das trevas, ele as entreabre somente o suficiente para não diminuir seu fim trágico”:

  • Em Portugal as pessoas com 75 e mais anos de idade são as mais dependentes de todos os países dos principais países Europeus. As mulheres portuguesas depois dos 65 anos vivem metade dos anos com saúde em relação às mulheres do Reino unido. Temos o sistema menos desenvolvido de cuidados domiciliários dos países enunciados.

“Tudo nesta tela ocorre como uma evidência inconsciente de que cada um cumpre a sua tarefa. São Pedro é apresentado como um velho camponês que levanta a cabeça, resignado com tamanha brutalidade”:

  • O quadro, não podia ser mais apropriado com o que se vive em termos nacionais, observemos a brutalidade, com a nossa sociedade, considera a experiencia e os saberes das pessoas da grande idade, os cuidados de algumas organizações, a resignação da comunicação social e a indiferença de alguns decisores políticos.

“Os três homens rudes, malvestidos e descalços, sentem dificuldades em levantar a cruz, nenhum deles mostra o rosto. O homem de pé, segura a corda com as duas mãos, parece fina de mais para tanto peso, como se torna-se impossível a ações de erguer a cruz. Um dos carrascos abraça os pés de São Pedro, no intuito de ajudar os dois companheiros a levantar a cruz, mostra proximidade para com a vítima e, ao mesmo tempo, indiferença.”

  • Elegemos neste ano a indiferença de algumas instituições, dos profissionais de saúde e sociais e das famílias que utilizam Lares Ilegais, o abandono, a violência e a despersonalização dos cuidados sobre pessoas idosas em Portugal.

Cá continuaremos a despertar consciências, para o ano de 2014.

Mensagem Oficial da Direção da Associação dos Amigos da Grande Idade.