Cuidados Continuados: mais de um terço dos doentes morre no primeiro mês de internamento

Abr 7, 2010

Mais de um terço dos doentes que deram entrada na Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI) em 2009 morreu no primeiro mês de internamento.  Os números são do relatório anual da rede que indica também que a maioria das pessoas apoiadas pela RNCCI são idosas, pobres, com baixa escolaridade e “pouca saúde”.

 

A versão integral do Relatório pode ser consultada aqui.

Segundo o documento, registaram-se 2779 óbitos, o que representa 13% dos utentes assistidos e 18% (9,1% em 2008) do total de doentes que saíram da rede em 2009. 

Considerando todos os óbitos, 17% ocorrem nos primeiros 10 dias de internamento (17,8% em 2008) e 36% no primeiro mês (38,8 % em 2008).

Mesmo excluindo as unidades de cuidados paliativos, em que a mortalidade é muito superior, há uma percentagem de 11% de óbitos nos primeiros 10 dias de internamento e 29 % no primeiro mês.

Segundo a coordenadora da RNCCI, “ainda existem muitos óbitos nas estruturas de internamento da rede”, apontando como uma das razões para esta situação haver pessoas que “chegam à rede em situações extremamente tardias, em que já quase nada se consegue fazer”.

“As pessoas são referenciadas para a rede numa situação já muito precária e sem o mínimo de avaliação do local para onde deviam ser referenciadas. Nós temos pessoas a serem referenciadas para convalescença, que também têm um elevado número de óbitos”, sustentou.

Por outro lado, o tempo que demoram nos hospitais sem serem referenciados também pode contribuir para esta situação, acrescentou.

A percentagem de utentes em Unidades de Cuidados Paliativos em 2008 foi de cinco % do total de assistidos (645) na rede e em 2009 foi de 10 % (2018 assistidos). As mortes nestas unidades em 2009 correspondem a 34 % do total dos óbitos ocorridos na RNCCI.

“Na rede não tratamos doenças, tratamos pessoas a quem queremos reabilitar”, disse a coordenadora, que acrescentou: “As pessoas têm recorrido cada vez mais às urgências quando deviam ter um médico de família que as mantivesse estáveis e equipas no domicílio que as acompanhassem”.

Inês Guerreiro defendeu que se deve evitar a ida aos hospitais: “Estudos científicos revelam que cada internamento hospitalar leva a que uma pessoa idosa perca entre 25 a 55% das suas capacidades”.

“Isto leva-nos a concluir que cada pessoa que sai do hospital sai doente”, disse, comentando que, no caso das pessoas idosas, “um dia a mais no hospital é um dia a menos na vertical”.

O relatório indica que a família constitui o principal suporte dos utentes referenciados para a rede (52 % em 2009 e 67 % em 2008), seguido da ajuda de técnicos de saúde (11 % em 2009 contra cinco % em 2008).

A ajuda domiciliária, que representava 24% em 2008, é agora 11%. Em 2008, os utentes apoiados em Centro de Dia representavam 10% e eram metade em 2009.

Os principais tipos de apoio estão relacionados com a alimentação, a higiene pessoal, a roupa de casa e os medicamentos.
O número de utentes assistidos em 2009, comparativamente com 2008, cresceu de 13 457 para 20 692, representando um acréscimo de 54%.

Aumento dos utentes com mais de 80 anos

Segundo Inês Guerreiro, 80,5% dos utentes referenciados na rede têm mais de 65 anos e 42% mais de 80 anos. A maior parte vive com a família, que, muitas vezes, também tem uma idade avançada, e 21% vivem sozinhos.

O relatório da RNCCI de 2009, a que a agência Lusa teve acesso, indica que houve um aumento dos utentes com mais de 80 anos no ano passado (39 por cento em 2008), o que pressupõe “situações de menor autonomia e de maior dificuldade de recuperação”.

Inês Guerreiro adiantou que 35% das pessoas atendidas em 2009 eram analfabetas e 55% tinham apenas seis anos de escolaridade. 

Lusa

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Legislação…

Ago 21, 2009

Aqui pode consultar a legislação mais importante e mais actualizada sobre a  Rede Nacional de Cuidados Continuados e Integrados…

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Unidade de Missão de Cuidados Continuados

Abr 20, 2009
UMCCI

MENSAGEM DA ASSOCIAÇÃO
Em 2006 foi publicada a lei que criou a Rede Nacional de Cuidados Continuados, podendo ser considerada uma das maiores alterações na área da saúde em Portugal. E ainda que os resultados de uma transformação que mais que duplica as camas de internamento em todo o País, não se possam traduzir em êxito assinalável para os indicadores de saúde que se apresentam nos fóruns internacionais, esta lei vem trazer maior qualidade à vida dos mais idosos e dos que padecem de doenças crónicas incapacitantes.
Porque a Rede Nacional de Cuidados Continuados e Integrados se inter-cruza, quer queiramos quer não, com a prestação de cuidados e oferta de serviços à Grande Idade, resolvemos reservar um espaço no nosso site que pretende acompanhar o desenvolvimento deste projecto.
Aqui apresentamos a legislação mais importante, os projectos que conhecemos, acompanhamos e apoiamos directamente, informação diversa sobre a rede e a opinião, nossa e de outros, sobre este assunto.
Aguardamos com esperança que a área dos lares de idosos e o trabalho social neste sector se junte rapidamente a esta rede e que ambos os sectores constituam no futuro a verdadeira rede nacional de cuidados e serviços para a Grande Idade.
Para isso o Social e a Saúde precisam de dar as mãos e compreender que os problemas são comuns e que as soluções encontradas para um sector nunca serão completas se não representarem também soluções para o outro sector.
No fundo já hoje todos concordam que os lares, na sua grande maioria, são as verdadeiras unidades de cuidados prolongados e manutenção da rede nacional de cuidados continuados. Pois que assim seja, mas que isso se assuma de vez e que permita criar as novas estruturas para idosos saudáveis e activos e que os idosos dependentes e com doença crónica recebam a mesma comparticipação estando em lar ou em cuidados continuados.
É uma pequeníssima alteração mas fundamental para um novo modelo que responda às necessidades futuras em consequência do envelhecimento e aumento de esperança de vida.
É por isto que lutamos e que nos batemos e é esta a mensagem que queremos deixar a todos, com a mesma convicção e paixão de quem criou e sonhou com a rede nacional de cuidados continuados.

A DIRECÇÃO DA ASSOCIAÇÃO

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Informação diversa …

Abr 20, 2009

Pode consultar aqui a informação que nos parece mais relevante sobre a rede de cuidados continuados, com especial destaque para o relatório emitido em 2007 que carateriza o extraordinário trabalho desenvolvido pela Unidade de Missão.

Relatório final RNCCI – parte1

Relatório final RNCCI – parte2

Relatório final RNCCI – parte3

RNCCI – Saúde Mental, Que respostas?

Prorrogação do mandato da Coordenadora da UMCCI, Dra. Inês Guerreiro

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Opinião …

Abr 20, 2009

Nem sempre as opiniões convergem mesmo em relação ao que parece ser a unanimidade. Neste espaço temos opiniões sobre a rede nacional de cuidados continuados e a sua evolução, que nem sempre são pacíficas…

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