Boas Festas e Feliz Ano Novo
Natal. A mais unanime festa colectiva do mundo ocidental. O mesmo mundo que recebe relatórios periódicos de entidades acima de toda a suspeita sobre as condições de vida, as ofertas dos vários países e a satisfação dos seus povos. Esta parte do mundo que resolveu entender-se e constituir entidades superiores que agregam ou pretendem agregar os interesses de todos os países que o constituem, sendo mesmo objectivo normalizar as condições de todos esses povos.
Um objectivo que se consegue atingir em muitas áreas mas que afasta cada vez mais esses povos noutras áreas. Há situações comuns que nos dizem respeito: mantem-se uma posição de ignorar o envelhecimento em quase todos os países europeus. Mantem-se um modelo que não responde às necessidades de um futuro certo e muito próximo. E nunca será grande felicidade e optimismo quando nos dizem que os países do norte da europa tem melhores condições para as pessoas idosas que os países do sul da europa. Tem melhores condições mas também abandonam as pessoas que necessitam de cuidados paliativos em unidades de retaguarda onde não existe sequer investimento em cuidados de saúde.
É pois uma necessidade geral reflectir-se sobre o envelhecimento e fase final de vida de cada um de nós. Como pretendemos envelhecer, o que temos de alterar e como queremos morrer. Temos esse direito e devemos exigir que quem governa se preocupe com esse direito.
O Natal é uma época excelente para pensarmos no envelhecimento porque são dias de emoção, de enorme sensibilidade, dias em que desejamos mudar de vida e iniciar nova fase. Dias que podem permitir que alguns decisores pensem com maior profundidade na dignidade dos seus eleitores e dos cidadãos do seu país.
Ao longo destes últimos dez anos a Associação Amigos da Grande Idade tem vindo a lançar propostas. Não nos parece que o lamento permanente e a procura de culpados seja o caminho mais indicado e preocupamo-nos mais no nascer de novos dias do que nos dias que vão passando (ainda que sejam bons conselheiros).
Propostas como as “Recomendações para a Longevidade” que tiveram a assinatura de todos os grupos parlamentares, propostas como as “dez medidas para um envelhecimento com dignidade” que recebe a concordância de quase todas as entidades mas que nunca se tem em conta na decisão politica. Propostas que vieram a constar na Estratégia Nacional para um Envelhecimento Activo e Saudável 2017-2025 (ENEIAS) como a introdução da educação sobre envelhecimento no curriculum académico desde o ensino básico e o combate à doença no envelhecimento através da monitorização de uma consulta após os 65 anos. Propostas que poderiam alterar os problemas estruturais na área social como o modelo de financiamento e comparticipação, o modelo de liderança e monitorização com introdução de indicadores de desempenho, a legislação abrindo novas tipologias de respostas na área dos esquipamentos e serviços e outras propostas que foram sendo feitas no âmbito das audiências com grupos parlamentares, ministérios, individualidades e entidades públicas e privadas.
É um caminho recheado de inovação e acima de tudo de convicção e esperança. Mas um caminho em que as derrotas tem sido permanentes pela insistência em manter uma situação pantanosa, construída em cima de notícias permanentes de maus tratos, péssimos procedimentos, agressões e até homicídios sobre pessoas idosas.
Apelamos para que neste natal pense um pouco na forma como está e vai envelhecer e pense ainda mais na forma como as pessoas que mais ama estão a envelhecer ou envelheceram. Que no próximo ano passe para o lado dos preocupados, denunciando situações graves, contestando politicas ultrapassadas, perdendo o medo de instituições seculares mais que oferecem pouca dignidade e defendendo cada pessoa idosa como se defendem as pessoas mais incapacitadas de lutarem pelos seus direitos.
Boas Festas
Bom Ano Novo
Bem Hajam