Mais uma medida defendida há muito pela Associação Amigos da Grande Idade
[dt_gap height=”20″ /]Nos últimos dias assistimos a uma mediatização de uma decisão do ministério da saúde que tem a ver com a prescrição de medicamentos e consumo dos mesmos na prática hospitalar.
Noticia dada, como começamos a entender que é conveniente para a comercialização de comunicação social, pela forma negativa, apresentando-se como algo que vai contribuir para piores práticas e piores serviços e cuidados às pessoas.
A Associação há muito tempo que defende o financiamento através de indicadores de desempenho, distinguindo as melhores práticas, os melhores serviços e as melhores equipas, a exemplo do que acontece em muitos países mais desenvolvidos do que o nosso e com melhor qualidade de vida.
Um dos indicadores é o consumo de medicação.
Esta medida vem ao encontro das profundas alterações que a Associação Amigos da Grande Idade tem defendido e continuará a defender.
Ao anunciarmos, quase como maléfico, esta medida do ministério da saúde, deveríamos enquadrá-la e contextualiza-la corretamente, informando que Portugal é dos países no qual as pessoas idosas consomem mais marcas de medicamentos diferentes, muitos com efeitos semelhantes. Devíamos dizer que em muitos países, com maior qualidade de vida, o número de princípios ativos que podem ser prescritos a um doente está há muito limitado. Devíamos informar que a medicação tonou-se o principal elemento de intervenção em todas as situações incluindo as que muitas vezes tem diagnósticos completamente discutíveis.
Falamos principalmente na área das pessoas idosas e dos equipamentos destinados a estas pessoas, os lares de Idosos, onde continuamos a encontrar um modelo “terapeuta dependente”, onde tudo se resolve com recurso a medicação.
O financiamento por indicadores de qualidade e desempenho é obrigatório. Não podemos continuar a financiar práticas diferentes em termos de qualidade da mesma forma. Temos obrigação de distinguir quem trabalha melhor e assim fazer com que todos normalizem o seu trabalho por maior qualidade.
Esta é uma medida importantíssima na mudança que pretendemos na área da saúde e na área social.
Apelamos à comunicação social para abordar este tema, não de forma mediática e de notícia oportuna mas aprofundando a situação. Percebendo que hoje, na área das pessoas idosas todos os conflitos, desajustamentos e outras atitudes e comportamentos que em determinada idade são normais, no envelhecimento são tratados com medicação, encharcando as pessoas idosas de medicamentos. Perceber que a grande parte de medicação consumida em lares de idosos não é prescrita presencialmente mas habitualmente à distância, sem qualquer história clinica ou outra que suporte essa prescrição que não seja as informações dadas por pessoal sem formação e incapazes de encontrar respostas que não sejam tornar as pessoas idosas dependentes.
Mas é importante que também se perceba que o consumo exagerado de antibióticos tem a ver com práticas instituídas que não previnem, por processos instalados de negligência profissional, que grande parte dessa medicação poderia ser evitada se a avaliação do desempenho fosse mais rigorosa e se fossem exigidos processos de prevenção na saúde, dentro dos lares de idosos, mais eficazes. Perceber que não podemos continuar a consumir em larga escala antidiarreicos/antieméticos e laxantes sem que alguém trate de implementar programas de ensino, esclarecimento e informação sobre alimentação ou mesmo sem que exista um dietista ou nutricionista no Lar para controlar as ementas e determinar procedimentos mais aconselháveis. Será mais barato controlar alguns distúrbios através de processos de prevenção do que atuar posteriormente no tratamento.
A Associação não quer continuar a ser o Oráculo para a área do envelhecimento, defendendo aquilo que mais tarde ou mais cedo se vai concretizar mas perdendo anos de eficácia.
Há muito que defendemos o financiamento por indicadores e agora isso chega ao SNS, esperando que possa alertar as entidades que determinam o futuro da área social.
Como no caso dos cuidados continuados em que defendemos que não fazia qualquer sentido a distinção das unidades de longa duração com os lares de idosos (reconhecido recentemente permitindo a essas unidades construídas de raiz que pudessem ser utilizadas como lares), acertámos agora mais uma vez numa medida que há muito defendemos. Infelizmente uma e outra medida não se generalizaram ainda, continuando a perder tempo e fazendo crer que vivemos em velocidades diferentes consoante o ministério governamental que lidera cada área de intervenção.